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Como vai funcionar o split payment na reforma tributária e o que isso significa para empresas em Santa Catarina

O empresário que vende, mas não recebe

Imagine João, dono de uma empresa em Joinville, que vende máquinas agrícolas no valor de R$ 1 milhão, parceladas em quatro vezes.
Ele comemora o contrato assinado, mas logo depois descobre uma novidade da reforma tributária: terá de pagar R$ 250 mil de impostos (IBS e CBS) já no mês seguinte, antes mesmo de receber a primeira parcela do cliente.

Essa é a realidade que pode chegar com o split payment.
Mas afinal, como vai funcionar o split payment na reforma tributária?
E, mais importante: como empresas em Santa Catarina podem se preparar para esse novo modelo sem comprometer seu caixa?

É sobre isso que vamos falar neste artigo completo.

O que é o split payment?

O termo split payment vem do inglês e significa literalmente “pagamento dividido”.

Na prática, esse modelo cria uma separação automática no momento em que ocorre a venda:

  • Uma parte do valor vai direto para o fornecedor (a empresa).
  • Outra parte é destinada imediatamente ao Fisco, como recolhimento dos tributos.

No Brasil, a proposta está ligada à reforma tributária e aos novos tributos: IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).

O objetivo do governo é claro: garantir arrecadação em tempo real, reduzir fraudes e eliminar as chamadas “notas frias”.

Como vai funcionar o split payment na reforma tributária

Aqui está a dinâmica do sistema:

  1. A empresa realiza a venda e emite a nota fiscal.
  2. No ato do pagamento (à vista ou parcelado), o sistema separa automaticamente o valor dos impostos.
  3. O Fisco recebe sua parte diretamente, sem depender do repasse do fornecedor.
  4. O crédito tributário do comprador só é liberado após o pagamento efetivo.

Exemplo prático:

  • Uma loja de Florianópolis vende R$ 100 mil em mercadorias parceladas em 4 vezes.
  • Alíquota de IBS + CBS: 25%.
  • Imposto devido: R$ 25 mil.

➡️ Pelo sistema atual: a loja recolhe os R$ 25 mil no mês seguinte, já tendo recebido pelo menos a primeira parcela.
➡️ Com o split payment: os R$ 25 mil são segregados automaticamente, enquanto a loja recebe os R$ 100 mil ao longo de 4 meses.

Esse descompasso temporal é o grande ponto de atenção para empresas catarinenses.

Impactos positivos do split payment

Nem tudo é preocupação. O sistema traz algumas vantagens:

  • Segurança para o Fisco: reduz fraudes e garante arrecadação imediata.
  • Maior transparência: o crédito do comprador só existe se o tributo tiver sido realmente pago.
  • Simplificação da fiscalização: com menos brechas para sonegação.
  • Compliance automatizado: menos riscos de erros no recolhimento.

Para grandes empresas com capital de giro robusto, pode até significar menos litígios e mais previsibilidade.

Desafios para empresas em Santa Catarina

Por outro lado, os impactos no fluxo de caixa podem ser significativos, principalmente para pequenas e médias empresas (PMEs).

1. Descasamento entre crédito e débito

  • O fornecedor paga o tributo já na competência da venda.
  • O adquirente só gera crédito no regime de caixa.
    ➡️ Resultado: o fornecedor adianta o imposto antes mesmo de receber o dinheiro.

2. Pressão sobre o capital de giro

No comércio varejista catarinense, onde o crediário ainda é muito usado, isso significa que empresas terão de financiar o imposto com recursos próprios ou recorrer ao crédito bancário.

3. Aumento do risco de inadimplência

Se o cliente não pagar, o fornecedor já terá recolhido o imposto — e fica sozinho com o prejuízo.

4. Redução da competitividade

Empresas maiores podem absorver o impacto e oferecer prazos mais longos. Já as PMEs podem ser obrigadas a exigir pagamento à vista, perdendo espaço no mercado.

O caso de João

Voltando ao caso do João, empresário de Joinville:

  • Ele vende máquinas por R$ 1 milhão.
  • Alíquota de 25% = R$ 250 mil em tributos.
  • Prazo do cliente: 120 dias.

No modelo atual, João já teria recebido ao menos parte do valor quando fosse recolher o imposto.
Com o split payment, ele precisa desembolsar R$ 250 mil imediatamente, sem entrada no caixa.

Se ele tiver margem de lucro de 10% (R$ 100 mil), e precisar pegar crédito bancário para financiar os impostos, com juros de 2% ao mês, R$ 20 mil vão embora em custos financeiros, reduzindo seu lucro em 20%.

Esse é o tipo de cenário que preocupa varejistas, indústrias e prestadores de serviços em todo o estado.

Como vai funcionar o split payment para empresas que vendem a prazo

Um ponto crítico é que a maior parte da economia brasileira gira em torno de vendas parceladas.

  • No varejo, é o crediário.
  • Na indústria, os prazos longos para pagamento.

Com o split payment, o imposto será retido antes da empresa ter o dinheiro em mãos.

Isso significa:

  • Menor flexibilidade nos prazos de pagamento oferecidos ao cliente.
  • Maior necessidade de capital de giro.
  • Aumento dos custos financeiros em caso de necessidade de crédito.

O que empresas em SC podem fazer para se preparar

Ainda que a regulamentação final do split payment esteja em discussão, é importante que empresas catarinenses já comecem a se organizar:

  1. Revisar políticas de crédito e prazos: reduzir prazos longos ou buscar garantias adicionais.
  2. Fortalecer o controle de fluxo de caixa: acompanhar entradas e saídas em tempo real.
  3. Renegociar com clientes e fornecedores: ajustar condições de pagamento para equilibrar o ciclo financeiro.
  4. Buscar linhas de crédito específicas: antecipação de recebíveis pode ser uma saída, mas deve ser planejada para não corroer a margem.
  5. Contar com apoio contábil especializado: um escritório de contabilidade em Santa Catarina pode oferecer estratégias fiscais e financeiras para mitigar o impacto.

Possíveis soluções em discussão

Especialistas já levantam propostas que podem amenizar os efeitos:

  • Opção pelo regime de caixa também para IBS e CBS.
  • Regimes diferenciados para PMEs, evitando a antecipação.
  • Condicionar crédito do adquirente ao pagamento efetivo.
  • Prazo de compensação mais flexível para operações a prazo.

Ainda não há definição se essas medidas serão incorporadas à regulamentação, mas o debate está em andamento.

E quanto à judicialização?

Alguns tributaristas alertam para a possibilidade de judicialização em massa.
Isso porque o split payment pode ser visto como uma violação de princípios como:

  • Neutralidade tributária.
  • Capacidade contributiva.
  • Risco excessivo ao contribuinte.

Empresas que se sentirem prejudicadas podem buscar a Justiça, o que aumentaria o volume de litígios tributários no país.

O split payment é o futuro — mas exige preparação agora

O split payment na reforma tributária promete transformar a forma como empresas brasileiras recolhem tributos.

Para o Fisco, é o cenário ideal: arrecadação imediata, sem riscos de inadimplência.
Para as empresas, especialmente em Santa Catarina, o desafio é manter a competitividade sem sufocar o fluxo de caixa.

Se você é empresário ou gestor financeiro, precisa olhar para esse tema com atenção.
O tempo de se preparar é agora: revisar prazos, ajustar políticas de crédito e, principalmente, contar com uma contabilidade estratégica ao seu lado.


Na Sul Contábil, ajudamos empresas catarinenses a se adaptarem às mudanças tributárias, garantindo mais segurança e planejamento.
Se você quer entender como vai funcionar o split payment na reforma tributária e preparar sua empresa, fale conosco e receba uma consultoria especializada.

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